A força do protagonismo da mulher na arte e os desafios de ser artista em RO
Confira o depoimento de mulheres artistas que fazem do palco seu lugar de transformação.
Historicamente, as mulheres sempre tiveram um papel central na arte e atualmente, com mais autonomia e liberdade, elas têm ocupado cada vez mais espaço no teatro, mostrando todas as suas múltiplas potencialidades, seja no palco ou na coxia, trabalhando em vários cargos como atriz, produtora, diretora e a autora.
Mas os desafios das mulheres no teatro ainda são grandes, e elas lutam pelo reconhecimento do talento e por oportunidades de trabalhar. Um exemplo é a atriz Teo Nascimento, que se destaca como uma das mais talentosas atrizes de teatro e performance de Rondônia, e confidencia que já sofreu preconceito, mas lutou bravamente pelos seus sonhos.
Em outro momento, Teo relembra ter perdido uma trabalho pelo simples fato de ser mulher. E, por mais estranho que pareça, o preconceito partiu de uma outra mulher.
“Fui indicada pra fazer uma oficina teatral para alunos do curso de medicina de uma faculdade particular de Porto Velho. Quando fui conversar com a coordenadora do curso, ela me olhou disse que o ideal é que este trabalho fosse feito por um artista homem porque a maioria dos alunos eram homens e que provavelmente não acatariam as minhas sugestões em relação aos exercícios dentro da oficina de teatro. E completou dizendo uma mulher baixinha vai parecer miúda lá no meio daqueles homens todos”, relembrou a atriz.
“Recebi aquilo como uma surpresa desagradável e fiquei enojada daquela conversa. Minha única reação foi sair daquela sala e dar o assunto por encerrado. Hoje provavelmente minha atitude seria diferente. Mas naquele momento foi assim”, disse Teo.
As situações vividas pela atriz ocorreram a quase 20 anos, mas ainda hoje surtem influência no cenário das artes cênicas.
Amanara Brandão, de 24 anos, trabalha com teatro há 8 anos em Porto Velho e nesta quase uma década atuando na área conseguiu perceber a predominância masculina em setores como a da dramaturgia.
“Penso que isso encontra terreno fértil por reproduzirmos práticas e teorias teatrais eurocentradas, que têm como expoentes homens-cis. Temos sim mulheres escritoras, dramaturgas, mas o espaços e reconhecimentos a estas, quando chegam, são sempre escassos ou tardios”, refletiu.
As coisas podem mudar
O momento é de transformação. E este sentimento é compartilhado pelas atrizes que consegue vislumbrar um futuro com mais espaço e oportunidades para as mulheres.
“Hoje nós mulheres estamos cada dia mais assumido os espaços que nos pertencem, no campo de trabalho, na política, nos movimentos sociais, então na arte e na cultura não podia ser diferente. Sendo arte uma área que trabalha com a criatividade e a sensibilidade a mulher não pode ficar de fora”, disse Teo.
Nas palavras de Amanara, o momento é definido como um momento de esperança. “Eu vejo, com esperança, uma mudança acontecendo nesse meio, e desde que me inseri nele vi isso de perto; tanto nos grupos ativos quanto no curso de Teatro na Universidade Federal de Rondônia, a presença feminina entre os elencos e os alunos é predominante”, destacou.
Fonte: Redação
Fotos: Divulgação