O teatro em Rondônia: Origem e Desafios

O teatro em Rondônia: Origem e Desafios

Em quase meio século a produção teatral em Rondônia experimentou auges e decadências decorridos de períodos que refletem a importância dada à arte pelos governantes e o próprio prejulgamento do público. Entre inúmeras variantes, pode se dizer que a história do teatro em Rondônia é consideravelmente recente.

Francisco Santos Lima, ou simplesmente Chicão Santos, se destaca na cena artística como produtor, diretor teatral, palhaço, ator, diretor e fundador do grupo “O Imaginário”, agitador cultural e desenvolvedor de importantes projetos para a cultura rondoniense. Chicão vivenciou grande parte das fases do teatro no estado, assistindo a criação de grupos teatrais e o desânimo, quase que coletivo, oriundos do “baque” da era Collor no país.

Produtor e Palhaço, Chicão Santos.

Conforme relata, nas décadas anteriores a 1970, o teatro era concentrado na cidade de Porto Velho, com realização no Clube Internacional, Teatro Fênix e no Cine Teatro Resk, tendo como percussora LabibeBarbolo, falecida em 2013. Há registro também de algumas companhias estrangeiras e nacionais, como a Cia de Tônia Carrero que se apresentou no Cine Teatro Resk. “Outra frente do teatro em Rondônia foi a passagens de alguns grupos na década de 1970, se apresentando no Auditório do Carmela Dutra e no Clube Ypiranga”, relembra.

Já na década de 1980 o movimento de teatro Amador surge como um potência e Rondônia chega a ter 70 grupos de teatro espalhado por todos os municípios. É criada então a Federação de Teatro Amador (FETER). “Esse movimento ultrapassa uma década e chega aos anos noventa.Em 1991, é realizada a primeira banca para capacitação de artistas, na cidade de Ji-Paraná”, conta Chicão.

É nesta década que surgem também os primeiros teatros e espaços cênicos, como o Centro Cultural de Ariquemes, Teatro Dominguinho em Ji-Paraná, o Centro de Criatividade Irussú Rodrigues e Teatro de Colorado, Teatro do SESC em Porto Velho e outros que foram se espalhando pelo Estado.

Já na virada do século, vários outros espaços culturais foram erguidos, como Teatro Teatro Municipal Francisca Veronica de Carvalho em Rolim de Moura e os Teatros de Cacoal (Cacilda Becker e Teatro Municipal), Arena Madeira Mamoré, Teatro do SEST/SENAT, Teatro Municipal de PVH, Teatro do Espaço Vrena, Teatro do Espaço Tapiri, Teatro do CEU das Artes, Teatro Banzeiros, Teatro Palácio das Artes e Teatro Guaporé em Porto Velho e por último o Teatro Municipal de Ariquemes, que ainda não foi inaugurado devido a pandemia.

Para Chicão, os espaços culturais foram e são importantes neste cenário, pois permitiram a formação de plateia e a melhoria dos espetáculos cênicos. “Sempre tive a ideia de popularizar o teatro, a arte e a cultura e isso fez com que a gente utiliza a estrutura do teatro estudantil como forma de ganhar público e ampliar os conceitos do teatro no meio social”, explica.

Dificuldades

As principais dificuldades de se fazer teatro em Rondônia sempre estiveram ligados, direta e indiretamente, ao fomento das políticas públicas, conforme aponta o produtor, diretor e roteirista Édier William.

Produtor cultural Édier William.

“Atualmente é destinado anualmente ao Sistema Estadual de Cultura de Rondônia 0,05% do orçamento do estado. É uma porcentagem muito baixa para um estado que arrecada milhões”, salienta Édier que também aponta a postura conservadora da população que vê com maus olhos o trabalho de muitos artistas. “Nós não estamos ‘mamando’ na teta do governo, como muitos costumam dizer. Nós trabalhamos. É dever do estado garantir cultura da mesma forma que saúde, educação e infraestrutura”, pondera.

Ainda de acordo com Édier, é praticamente impossível artistas sobreviverem de bilheteria. “O fomento para a realização dos espetáculos, em muitos casos, vem do próprio bolso de atores, produtores. Uma parte vem de editais de incentivo à Cultura, mas geralmente estes espetáculos não cobram bilheteria”, ressalva.

Texto: Redação

Foto: Divulgação

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