Figurino e cenário, a linguagem visual do teatro

Viagem comigo nos bastidores do espetáculo.

Enriquecer a trama, compor personagem e permitir a melhor compreensão do espetáculo teatral, o figuro e o cenário são elementos da linguagem visual e de suma importância. Aos 58 anos, sendo 22 deles dedicados ao teatro, a atriz, produtora, figurinista, escritora e muito mais, Teoginis Silveira do Nascimento, nome artístico, Teo Nascimento, conhece de espetáculos teatrais e todos os processos e etapas necessários até estar o espetáculo pronto e apresentando ao público.

“Iniciei no teatro em 2000, e neste ano completo, meus 22 anos atuando, por ser costureira além de atuar paralelamente passei a confeccionar figurinos. Também me tornei oficineira na preparação dos atores e, na prática, passei a fazer da montagem e confecção de cenários”, contou.

Para Teo, tanto o figurino como o cenário são de importância, pois fazem parte da linguagem visual do espetáculo Teatral e trazem mensagens que nem sempre estão verbalizadas nos diálogos. “Mas ambos devem ser pensados com a montagem em sim, às duas composições dependem muito do direcionamento dado para a montagem. Assim que se decide o que se quer, inicia a busca de materiais adequados para desenvolver o figurino e o cenário, é claro que figurino e cenário exigem muito trabalho de pesquisa e às vezes até de testes para ver o que funciona e o que não funciona”, explicou.

Teo ressalta uma relação  de sucesso e fracasso em  montagens, se não for dada uma importância a estes dois itens, onde eles realmente sejam necessários, resultado pode  não ser positivo. “Destaco a Espetáculo Teatral Pássaro Fora do Ar do ator Cláudio Zarco. A ideia do cenário é que o personagem estava preso em uma gaiola que era uma televisão e o cenário era um grande quebra cabeça retangular feito com pedaços cortados de tatame branco, e o corpo do ator também era todo pintado de branco que de certa forma se tornava na cena o figurino dele. E eram feitas algumas projeções de imagens sobre o cenário e o corpo do ator, provocando a ideia de uma imagem conjunta e de transmissão televisiva. A ideia e elaboração é do próprio Cláudio e a confecção do cenário é de Ismael Barreto”, exemplificou.

Teo destaca ainda que no Estado temos algumas pessoas que desenvolvem seus projetos de cenário e figurino, são pessoas que já trabalham a bastante tempo na área. “Eu mesma  trabalho com cenários e figurinos, confecciono figurinos e fantasias, mas na maioria das vezes a partir de encomendas. A ideia já chega encaminhada pelo cliente são poucas vezes que somos convidados para participar da pesquisa inicial. Talvez pela ausência de profissionais destas áreas fomos nos habituando a fazer os nossos figurinos e cenários. Então na grande maioria das vezes são os diretores, os grupos e companhias que fazem toda a pesquisa e elaboração dos cenários, figurinos e só contratam alguém para costurar as peças de figurino depois de tudo decidido e a mesma coisa acontece com o cenário. Por exemplo, o Elcias Villar que é diretor, ensaiador, ator e professor de teatro sempre fez todas as confecções de cenários das peças que montou. Assim também o Chicão Santos e Zaine Diniz do grupo O Imaginário também.  Só recorrendo a outros profissionais nos casos mais complexos”, salientou ela.

Promissor, é com essa palavra usada por Teo para definir o cenário Teatral de Rondônia, para ela os editais, realização de festivais.

“Penso que nos últimos anos através de fomentos foi possível alguns grupos participarem de editais dando maior visibilidade aos grupos e espetáculos. É claro que isto não chegou aqui de mão beijada não, resultado de muita luta e articulação. Outra coisa foi a realização de alguns Festivais de forma mais sistemática que contribuiu também e cito aqui: Amazônia Encena na Rua desde 2008, Festin-açú em  Guajará-mirim a partir de 2011, o Festival Amazônico de Monólogos e Breves Cenas de Vilhena,  o próprio Palco Giratório sendo realizado aqui em Porto Velho e demais cidades a partir de 2009.  Movimentaram o cenário artístico chamando a comunidade, ofertando oficinas e muito mais. Aqui em Porto Velho o início do curso de Licenciatura em Teatro na UNIR em 2010, mesmo sendo um curso de  formação de professores contribuiu bastante com o movimento artístico e cultural. Vieram os professores que também são artistas e ampliaram o leque trazendo conhecimento técnico, artístico e somando forças com os artistas que já atuavam há algum tempo e fazendo despontar novos agentes que somam ao movimento. Tudo isto é algo que dá esperança e nos faz acreditar que  está crescendo a cada ano e tem tudo para continuar crescendo”, concluiu.

Texto: Redação

Foto: Divulgação