Contação de História a arte milenar da preservação da memória

Contação de História a arte milenar da preservação da memória

Era uma vez ….. Quando eu era pequena…. Na minha época…..  Lembro que…

Na infância a avó contava histórias aos netos e antes de dormir o momento da história era um ritual que não podia faltar, e quando estávamos no ambiente escolar lá também tinha momentos em que a professora contava histórias. As narrativas é um dos meios pelos quais o ser humano encontrou para preservar a memória, conhecer quem é a comunidade a qual fazemos parte. E você sabia que no contexto escolar a contação de história na formação do aluno, de escritores, além de despertar nele o gosto pela leitura.

Nossa reportagem conversou com dois apaixonados por contação de histórias, Amanara Brandão dos Santos Lube e Bruno Selleri Bezerra, ambos de Porto Velho (RO). Contadora de história, Amanara Brandão dos Santos Lube, iniciou na carreira de atriz em 2014 em Porto Velho, hoje ela também atua como escritora, produtora cultural e pesquisadora em performance.

“Como atriz, tenho algumas áreas de maior interesse que são à contação de histórias e palhaçaria. Desde o primeiro aprendizado com a contação de histórias já me encantei e quis seguir me desenvolvendo, me aprofundei nas origens,na prática de mestres griôs e percebi o quão a tecnologia de contar histórias foi e é importante para as culturas de tradição  oral”, afirmou a atriz.

Atriz Amanara Brandão, uma imagem da fotógrafa Priscila Mello.

O ator e produtor no grupo Teatro Ruante, Bruno Selleri Bezerra, tem um amor pela contação de história, já há alguns anos desenvolve trabalhos na capital de Rondônia.

Bruno Selleri explica que sua experiência com teatro iniciou em 2013 no grupo O Imaginário, sob a direção de Chicão Santo e que hoje além de  ator é produtor no grupo Teatro Ruante.

“A contação de histórias é uma prática milenar da humanidade, antes da criação da escrita parte da sabedoria popular era compartilhada por histórias que continham em seus significados, lições daquele povo. Trabalhar com essa linguagem é manter essa tradição milenar e a sabedoria que ela contém e seu objetivo é compartilhar conhecimento de forma simbólica através das histórias”, destacou Bruno.

Ator e produtor Bruno Selleri, uma imagem do fotografo Adailtom Alves.

Além da oralidade outros recursos podem ser aplicados visando incrementar temos o figurino, música, ludicidade, dentre outros. Porém, para Bruno Selleri, o elemento fundamental é o olhar, sendo esse um recurso infalível na hora de prender a atenção do público. 

 “O contato olho no olho com o público, deve ser estabelecido e mantido em grande parte do tempo durante a contação, não um olhar frio ou técnico, mas um olhar verdadeiro com o público, esse recurso coloco como o principal, outros recursos são variação de tom de voz, elementos lúdicos, mesmo que simples, que tornam a história mais interessante e divertida e realcem tons e nuances dela”, destacou Bruno.

Amanara Brandão, explica que o teatro contribuiu para a prática de contar histórias com o domínio da voz e da técnica vocal, narrativa, habilidade musical, habilidades artesanais.

“Elementos que ao serem usados de forma minimalista contribui para manter a atenção do público na história contada. Um recurso infalível é criar músicas para cada história, que seja uma música tocada no início e no final, mas que tenha a ver com os elementos principais da narrativa a ser apresentada, as crianças logo aprendem”, salientou Amanara.

Para Bruno Selleri como o teatro incorporou a arte circense da palhaçaria, o fez também com Contação de Histórias e a união dessas artes nasceu uma forte ligação.

“Se aproximar da Contação de Histórias através do teatro proporciona à contação as inúmeras ferramentas, tanto teórico quanto práticas para todo o processo da Contação, desde a criação até a apresentação do trabalho ao público”, afirmou.

Ator e produtor Bruno Selleri, imagem Agenda Porto Velho.

Ao avaliar a Contação de Histórias em Rondônia nos últimos 10 anos, Bruno Selleri, e Amanara Brandão observam a precariedade do cenário.  “O cenário artístico, em geral, do Estado, também o cenário da Contação de História em Rondônia é precário. Belas iniciativas individuais ou em grupo são realizadas, mas sempre pela força de vontade e investimento das pessoas envolvidas, pois Rondônia é bastante precário com relação às políticas públicas para cultura, o que reflete diretamente nas condições materiais para que o cenário cultural de um estado se desenvolva”, ressaltou Bruno.

Amanara, afirma que desde que começou na contação percebeu que a maioria das pessoas interessadas são educadores, que se interessam principalmente pelo caráter pedagógico da contação de histórias.

 “Conheci pouquíssimos artistas que são também contadores de histórias, mas fiquei muito empolgada em saber da realização de um festival de contação de histórias aqui em Rondônia ano passado, e está sendo realizada sua segunda edição agora. Iniciativas como esta é de grande importância para visibilizar a arte e cultura da contação de histórias, valorizando os artistas contadores de histórias e proporcionando ao público o acesso a essa arte milenar”, apontou Amanara.

Atriz Amanara Brandão, uma imagem da fotógrafa Priscila Mello.

Interessou-se sobre o tema e quer tornar um contador de histórias, Bruno Selleri, dá, algumas orientações.  “Há diferentes formas de se desenvolver como Contador de Histórias, seja de forma tradicional com mestres de Contação de Histórias, seja de forma moderna estudando a prática na Pedagogia ou do Teatro. No aprendizado do teatro a Contação se encontra como uma modalidade de criação e expressão cênica, possuindo métodos de aprendizagem e aprimoramento da prática, foi através do teatro que tive contato com a contação de histórias”, concluiu Bruno.

Texto: Redação

Foto: Divulgação

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