Espetáculo performático Corpos do Prazer expõe a violência contra travestis

Espetáculo performático Corpos do Prazer expõe a violência contra travestis

Uma crítica social levada aos palcos por meio da arte. É assim que o espetáculo performático Corpos do Prazer, do acadêmico de Teatro da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Ádamo Teixeira, pretende surpreender o público e expor uma realidade ainda presente na sociedade contemporânea, a violência contra pessoas trans.

Com previsão de estreia para junho, o espetáculo narra a trajetória da travesti Amitaff, enfrentando o preconceito da sociedade. O texto é resultado do trabalho de conclusão de curso de Ádamo que tem como diretor do espetáculo Luciano Flávio, e todo processo de criação ocorreu durante as aulas de Teatro na universidade.

“A personagem surgiu após eu ter um primeiro contato com o texto “Entre Quatro Paredes” do autor Jean-Paul Sartre. Após a divisão dos personagens eu acabei ficando com uma personagem feminina que posteriormente se transformou em uma travesti”, relembrou.

Foto: Luciano Flávio- Ádamo na pele da personagem Amitaff

Já com a ideia pré-elaborada, Ádamo conta que no período de pandemia aproveitou para fazer mais pesquisas e foi neste processo que se deparou com o elemento da violência. “Os relatos de violência física sofridos por pessoas trans, em muitos casos resultando em morte, revelam um cenário de crueldade com que esses crimes são praticados”, comentou.

Segundo o acadêmico, o assassinato da travesti Dandara, ocorrido em 2017 no Ceará e que gerou repercussão em todo o país, é a grande fonte de inspiração para compor a personagem Amitaff de seu espetáculo. “O caso da Dandara me marcou muito pela tortura que ela sofreu antes de ser morta. A minha personagem reflete essas marcas. É um grito de socorro e um alerta”, ressalva.

O cuidado com a obra

Por se tratar de um tema que exige cuidados aos ser retratado, Ádamo vem realizando exibição de algumas cenas para públicos distintos, afim de analisar a recepção do texto.

“Uma das apresentações que já realizei de cenas do espetáculo foi com a presença de travestis e transexuais. Era um momento muito esperado por mim, pois ter a aprovação delas é fundamental para o resultado final e a resposta foi muito positiva”, destacou Ádamo que ainda foi convidado a participar da live promovida pelo grupo de travestis militantes de Porto Velho.

Outro zelo com a obra está também na escolha do nome da personagem, já que se trata de um anagrama com o nome da mãe de Ádamo e também homenageia uma amiga próxima. “Amitaff é Fátima ao contrário. Fátima é o nome da minha mãe e também de uma grande amiga minha que adota esse nome”, explicou.

Corpos do Prazer possui classificação etária de 16 anos e foi contemplado no Edital  de Chamada Pública para Premiação ao Setor Cultural –  nº 008/2021 Lei Aldir Blanc nº 14.017/2020, Art. 2º Inciso III – da Fundação Cultural do Município de Porto Velho – Categoria A) Apresentação de Performance Artística ou Musical:  conteúdo de caráter performático.

Texto: Redação

Arte: Luis Gustavo Aldunate

Foto: Luciano Flávio

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